A importância do terceiro setor nunca foi tão grande quanto nestes tempos difíceis em que vivemos. No Brasil, existem dezenas de milhares de organizações que oferecem serviços sociais, de saúde, educação, artes, entre outros.
Nesses contextos, executivos são pressionados a aumentar as doações e o crescimento aproveitando todos os recursos disponíveis.
Enquanto isso, líderes voluntários, que não raro têm dúvidas sobre como aproveitar as próprias habilidades na liderança, esbarram na dificuldade de definir como eles e seus colegas de conselho podem ser mais eficientes em seus papéis dentro das organizações.
Regras básicas, ideias óbvias e obrigações comuns de diretores – como avaliação de equipe e de impacto, que são profundamente relacionadas às operações de uma organização do terceiro setor, além do recrutamento – não são desempenhadas como deveriam.
Uma pesquisa recente feita por professores da Universidade de Stanford confirmou que muitos conselhos de instituições do terceiro setor têm dificuldades bem sérias.
Nesse estudo, foram consideradas as entrevistas de 924 diretores de organizações, que resultaram nos seguintes dados:
No melhor dos cenários, os conselhos administrativos ajudam organizações a elaborar o caminho estratégico correto, ou seja, auxiliam na boa escolha das áreas de atuação e do recrutamento de diretores com as habilidades necessárias, além de afastar aqueles que não as têm, entre outras tarefas.
A governança fraca, por outro lado, diminui as chances de as organizações alcançarem seu máximo potencial e podem até mesmo acabar com o trabalho todo.
Bons diretores não precisam fazer muito para ajudar a organização a que pertencem a se tornar muito melhor, mas precisam desempenhar seu papel corajosa, rigorosa e consistentemente.
Aqui vão algumas sugestões:
Muitas vezes a missão da instituição é muito abrangente ou inalcançável, como “acabar com a fome mundial” ou “quebrar o ciclo da pobreza”.
Delimite o foco de sua missão a fim de adequá-la às habilidades e aos recursos que você tem.
A missão também deve ser compreendida e abraçada pelo conselho, pela gerência e por outros interessados importantes.
Pode ser inacreditável quão difícil pode ser para muitas pessoas, porque isso vai contra a natureza humana. Não gostamos de parecer tontos por fazer perguntas óbvias na frente de nossos colegas (e para muitos trabalhar em conselhos é uma forma de networking).
Se os conselheiros não participam direta e profundamente da maior parte do trabalho de uma organização, as reuniões de conselho se perdem.
Em geral os conselheiros são pessoas brilhantes com muita experiência, porém muitas vezes falta experiência no trabalho do dia a dia da organização da qual fazem parte.
Para se tornarem verdadeiramente eficientes, membros de conselho precisam participar direta e profundamente, como já mencionamos. E isso pode incluir viagens de campo.
Pegue o exemplo da organização Helen Keller International, que recebeu o Prêmio Kravis de 2014, cuja honra é concedida a lideranças do terceiro setor. A CEO Kathy Spahn explica (em tradução livre):
“A HKY é um tanto incomum, visto que nossos conselheiros precisam visitar os programas que desenvolvemos na África e na Ásia pelo menos uma vez a cada três anos.
Eles aprendem que administrar cápsulas de vitamina A não é tão simples quanto parece!”
Existe uma cultura de se fazer poucas avaliações no terceiro setor, e os conselhos são muitas vezes culpados disso porque permitem às organizações operarem sem mensurar seus impactos.
O conselho precisa insistir nessas avaliações (e os fundadores precisam querer pagar por elas). O benefício dessa transparência é claro: se a organização não consegue demonstrar que seu trabalho é efetivo, por que alguém deveria doar algo para ela?
Aqui deve ser incluída também uma avaliação do líder da organização. Muitos conselhos administrativos negligenciam essa responsabilidade básica, principalmente quando um fundador poderoso está no cargo de diretor executivo.
A sugestão é que se faça uma avaliação bem simples:
Parte do seu trabalho como conselheiro é também assegurar que exista um plano de sucessão. Comece logo. Mesmo 10 anos ou mais não estão tão longe quando se fala em transição de lideranças.
Toda instituição do terceiro setor precisa de um grupo pequeno de pessoas altamente comprometidas e de líderes engajados.
Se o conselho é composto por 12 ou 15 pessoas, a organização precisa de dois ou três conselheiros engajados, membros talentosos que passam a maior parte do tempo focado na instituição.
Quanto ao tamanho do conselho, não existe um número fixo ideal para todos. Procure por pessoas que tenham pelo menos uma destas habilidades, talvez duas ou três:
Em relação ao poder aquisitivo: a generosidade financeira é importante, todavia nem todos os conselheiros precisam ter grandes recursos financeiros.
Organizações sem fins lucrativos saudáveis devem representar os diversos setores da sociedade.
Se você já foi convidado ou se voluntariou para ser conselheiro em uma instituição sem fins lucrativos, há boas chances de que você já saiba os fundamentos de governança pelo trabalho em outros lugares.
Trazer esse conhecimento para seu trabalho no conselho ajudará a estabelecer os fundamentos da inovação que resolverá os problemas do mundo. Mas inovação e crescimento vêm depois dos fundamentos da boa governança.
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